Internet no Brasil: da BBS à Banda Larga
Parte 1: da BBS à Internet, Início Romulo Cholewa - 11/04/2002
Link Original: http://www.rmc.eti.br/documentos/artigos/rmc_conexao.htm
Tela do OLMS
(OffLine Mail System)
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Você foi usuário de BBS (Bulletin Board Systems), e já estava acostumado a passar horas tentando se conectar, para ficar batendo papo nas salas de chat e fazendo downloads, ou usando o BlueWave Mail System ?
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Se sim, provavelmente você tem mais de 25 anos, pegou a turma do Balão Mágico e não perdia um episódio de séries como Trovão Azul, A Super Máquina e etc.
O interessante dessa época é que a comunidade tinha uma característica bem particular. Eram os aficionados por informática, que gastavam US$ 300,00 fácil em um modem US Robotics. Poucos tinham acesso online, e esse acesso sequer chegava perto de uma rede na prática. As BBS eram nada mais do que servidores de terminal, com um pool de modems para receber as ligações, rodando softwares como o RemoteAccess e o PCBoard.
A coisa era extremamente primitiva, e talvez tenha sido esse o motivo principal do seu sucesso (e declínio).
Em meados de 1993 a 1994, a Internet estava surgindo, a Web em si tinha apenas 4 anos, e no Brasil, a atração principal continuava sendo o chat, via IRC. Tanto é que o Brasil chegou fácil no primeiro lugar em uso de IRC. Não sei em que posição se encontra hoje.
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mIRC
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Provedores começaram a aparecer em todo o Brasil. Os primeiros, notavelmente a Elógica, Em Recife / Olinda, e a Mandic em SP, que migrou da BBS para a Internet. Note que essa característica das BBS migrarem para a Internet parece ser única do Brasil. Em muitos Países, as BBS simplesmente desapareceram sem deixar vestígios.
Diagrama da
conexão discada
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A conexão com o Provedor, ou ISP (Internet Service Provider) era feita com o mesmo modem usado para se conectar à BBS. Contudo, agora, era necessário uma pilha de protocolos de comunicação, baseados no TCPIP, "linguagem" falada na Internet.
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Como na época o sistema operacional mais usado era o DOS com Windows, estes não possuíam muitos recursos quando o assunto era rede. Então, a receita de bolo era instalar o Trumpet Winsock e o Netscape.
A velocidade ? 28.800 Kbps. Era o suficiente. A Internet não necessitava de muita banda, pois o seu próprio conteúdo era leve. Páginas estáticas, poucas imagens, e streaming de audio e vídeo era ficção científica. No máximo, downloads, via FTP.
Tudo ainda era algo restrito aos aficionados por computadores. Tudo muito complicado: ter "Internet" era status. Os provedores ainda não cobravam pelos serviços, e muitos passaram meses para testar e estabilizar suas redes e servidores.
No início de 1995, a coisa começou a tomar outra forma. A Internet passou a ser cobrada pela maioria dos provedores, que também passaram a oferecer serviços agregados, além do tradicional EMail. Com o surgimento de provedores em todos os lugares, e as limitações tecnológicas de conexão discada, o diferencial de um provedor para outro eram os serviços, o valor da assinatura, e o espaço que forneciam para a "home page" / caixa postal do usuário. foi quando surgiram os serviços de FTP, jogos online, e mais adiante, hospedagem de domínios próprios.
O provedor funcionava da seguinte forma: tinha uma perna dentro da companhia telefônica, para receber as ligações, sua rede interna, e outra perna dentro de um provedor de backbone, que o conectava à grande rede.
A companhia telefônica na época sequer tinha idéia do potencial que ali surgia. Diversos provedores tiveram enormes dificuldades em conseguir, junto às TELEs regionais, a quantidade de linhas necessária ao funcionamento da infra-estrutura. Alguns até "ajudaram" as companhias telefônicas em montar a estrutura.
No Brasil, a Embratel como provedor de Backbone atendia a 100% do mercado. Lembro que a febre começou quando a Embratel anunciou a abertura de contas de acesso discado, de forma gratuita, controlada pelo Governo. A idéia não pegou, pois o mercado prometia muito. Obviamente, as restrições não duraram, e a Embratel passou a ser fornecedora de backbone, e saiu do mercado de provimento direto.
[Parte 1: da BBS à Internet, Início]
[Parte 2: As Mudanças: Capital Estrangeiro, Internet Gratuita] [Parte 3: Massificação]
[Parte 4: A Guerra com as Teles] [Parte 5: Banda Larga: O Início] [Parte 6: Banda Larga: A Verdade]
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